Layout do blog

Avaliação educacional para alunos neurodiversos

Entendemos que a forma de avaliar o nível de conhecimento de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) difere de alunos típicos. Mas como fazer isso?


Nesta matéria apresentamos ferramentas/metodologias que os educadores podem utilizar para realizar a avaliação do conhecimento de seus alunos com autismo, dislexia, TDAH e outras neurodivergências.


O que é avaliação educacional? Qual sua importância?


A avaliação de nível educacional é uma ferramenta essencial no contexto escolar, utilizada para estimar a evolução do ensino e aprendizagem dos alunos. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases n° 9394/96), estabelece que ela deve ser feita de forma contínua e cumulativa, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos, priorizando a qualidade e o processo de aprendizagem.


Essa ferramenta ajuda os professores a acompanharem o progresso da turma conforme os objetivos propostos, identificando suas dificuldades, potencialidades e a eficiência da metodologia que está sendo aplicada. A partir disso, os educadores terão as evidências necessárias para adaptar o plano de ensino e, consequentemente, aumentar o nível de aprendizagem da turma.


Tipos de avaliação:


As avaliações devem seguir um método, com base em estruturas bem delimitadas, tendo como principais funções:


1)  Avaliação diagnóstica


No início do ano, as primeiras avaliações devem ser aplicadas com o foco em investigar os conhecimentos prévios dos alunos e suas principais dificuldades.


Para alunos com TEA ou com outros diagnósticos que afetam a aprendizagem, essa avaliação também deve buscar compreender suas características específicas. Os professores podem entrevistar os alunos, conversar com as famílias, com os médicos e observar seus comportamentos em sala, visando conhecê-los melhor. É muito importante saber seus principais desafios, os temas preferidos pela criança e descobrir se existe alguma sensibilidade sensorial, por exemplo.


Segundo Cunha (2015), “no contexto do autismo, a qualidade do trabalho em sala de aula iniciar-se-á pela descoberta do aluno: o que ele faz, deseja e como ele aprende. Portanto,

haverá momentos em que a melhor coisa que o professor poderá fazer será observar seu aluno, atentar para as suas ações”.


Os benefícios desse modelo de avaliação são:


●       Identificação constante das dificuldades apresentadas pelo aluno

●       Organização de novas metodologias e conteúdos

●       Intervenções pedagógicas específicas

●       Dissolução e resolução de dúvidas


Depois dessa primeira avaliação, os professores conseguirão montar um plano de ensino personalizado, conforme as necessidades específicas de cada aluno, fazendo-o avançar no que tange às suas necessidades.


2)  Avaliação formativa


As avaliações formativas têm o objetivo de avaliar o processo de ensino-aprendizagem, acompanhando a evolução dos alunos e a eficiência da metodologia aplicada. É uma forma de verificar se o conteúdo foi aprendido e coletar as evidências necessárias para adaptar o plano de ensino.


Os benefícios desse modelo de avaliação são:

●       Motivação por parte dos alunos

●       Melhor definição dos objetivos de aprendizagem

●       Decisões fundamentais em dados

●       Melhor desempenho acadêmico


3)  Avaliação somativa


Ao fim de cada semestre, ano letivo e/ou unidade de ensino, as avaliações de ensino-aprendizagem devem ser repetidas. Elas servem para avaliar o nível de desenvolvimento alcançado versus os objetivos visados.


4)  Autoavaliação


Interessante ferramenta para que o aluno se coloque como o protagonista no processo de aprendizado. É uma forma interessante de promover a autocrítica, a responsabilidade e a reflexão sobre seu desempenho escolar.


Como avaliar os alunos por meio de evidências


Para muitos pesquisadores na área de educação, as tradicionais provas têm sido consideradas instrumentos de avaliação defasados, principalmente quando se trata de alunos neurodiversos.


Jussara Hoffmann, educadora, especialista em avaliação da aprendizagem e autora de vários best sellers em educação, enxerga as tradicionais provas como um procedimento classificatório, não sendo o suficiente para mensurar o conhecimento e o quanto o aluno aprendeu. De acordo com Hoffmann (2011), “a prática classificatória pareceu, por longo tempo, dar conta facilmente dessa questão. Criava-se artificialmente a necessidade de aprender pelo valor burocrático da avaliação. Bastava valer nota para o aluno engajar-se, levar a sério as atividades escolares”.


Segundo Jussara, a “inclusão pode representar exclusão sempre que a avaliação for para classificar e não para promover, sempre que as decisões levarem em conta parâmetros comparativos, e não as condições próprias de cada aluno e o princípio de favorecer-lhe oportunidade máxima de aprendizagem, de inserção na sociedade, em igualdade de condições educativas. Essa igualdade nada tem a ver com a visão padronizada da avaliação, como uma exigência de igualar-se aos colegas, de corresponder às exigências de um círculo fixo, ou de um professor. Tem a ver com a exigência de delinear-se concepções de aprendizagem e formar-se profissionais habilitados que promovam condições de escolaridade e educação a todas as crianças e jovens brasileiros em suas diversidades”. (HOFFMANN, 2011, p. 34)


Iana Horta, pedagoga especializada em Educação Especial, afirma que “oscilações comportamentais são comuns em crianças autistas, pois basta que uma simples alteração em sua rotina ocorra, por exemplo, para deixá-la extremamente agressiva, impaciente e irritada”. A pedagoga também ressalta que a prova “não mede o conhecimento dos estudantes e sofre influências do humor e bem-estar do aluno no dia da avaliação”.


Formas inclusivas de avaliação educacional


As pessoas aprendem de formas diferentes. Para alguns, ler um texto é a melhor maneira de coletar informações sobre algo, enquanto para outras pessoas, ferramentas visuais como desenhos, filmes e quadrinhos serão muito mais eficientes.


O mesmo se aplica para a forma de expressar o que foi aprendido. Alguns alunos terão um excelente desempenho nas tradicionais provas de avaliação, enquanto outros conseguirão se articular melhor durante uma apresentação de trabalho.


Por isso, muito além da aplicação de provas classificatórias, os professores precisam investir em outras maneiras de ensinar e avaliar, principalmente ao trabalhar com alunos com TEA, dislexia, TDAH e outros diagnósticos.


Pensando em avaliações focadas em mensurar o aprendizado de forma inclusiva, seguem algumas sugestões:


●    Atividades de aperfeiçoamento: exercícios visando aperfeiçoar e avaliar os conhecimentos do aluno, mas sem atribuir uma nota ao final. É importante que as questões sejam adaptadas para os alunos com TEA, ou seja, com textos e perguntas objetivas, evitando o uso de metáforas.

 

●    Avaliação processual: especialmente para crianças autistas, é muito importante que os professores avaliem os alunos por meio de observação e registro de sua evolução. Além de medir o nível de aprendizado em relação aos temas ensinados, os professores também podem avaliar seu comportamento, o desenvolvimento da atenção, suas habilidades sociais, motoras, entre outras.
 

●    Atividades em grupo: seja por meio de brincadeiras, jogos, seminários ou dinâmicas em grupo, esse tipo de avaliação possibilita que a criança ou adolescente expresse seus conhecimentos enquanto se diverte, trabalhando suas habilidades sociais e de comunicação.
 

●    Atividades manuais/artísticas: propor aos alunos que eles expressem seus conhecimentos sobre algum tema por meio de atividades manuais e artísticas. Exemplo: após apresentar a estrutura de uma célula animal, solicitar que os aprendizes façam uma maquete dessa célula. Isso é excelente para trabalhar conceitos abstratos e a coordenação motora. Outra opção, voltada para avaliar a interpretação de texto, seria incentivar os alunos a recontar uma história lida em sala por meio de desenhos, sequência de fotos ou apresentação de teatro.
 

●    Entrevista com o profissional de apoio/mediador: durante o período letivo, alguns alunos neurodiversos precisam ser acompanhados por um professor de apoio. Por estar ao lado do aluno diariamente tirando suas dúvidas e auxiliando em suas atividades, esse profissional conhecerá quais são as habilidades, dificuldades e o nível de desenvolvimento do aprendiz em cada matéria.
 

●    Entrevista com a família e com os médicos: assim como foi feito no início do ano letivo, a avaliação diagnóstica deve ser repetida ao fim de cada semestre, ano letivo e/ou unidade de ensino. É uma forma de avaliar o aluno do ponto de vista da família e dos médicos.


Como fazer com que a prova tradicional seja mais inclusiva:


Nos casos em que a aplicação de provas classificatórias for indispensável, é importante que elas sejam desenvolvidas de forma inclusiva para pessoas neurodivergentes.


Iana Horta, pedagoga especializada em Educação Especial, sugere que os professores se atentem para a “objetividade dos textos e perguntas, tomando cuidado com metáforas e tudo que exija imaginação fértil, já que essas crianças interpretam fielmente aquilo que se diz ou escreve”.


É importante que profissionais de apoio/mediadores também estejam disponíveis para apoiar os alunos durante a prova.


Conheça o Jade EDU - ferramenta ajuda a avaliar o nível educacional

 

O Jade EDU é um software educacional criado para desenvolver a cognição de alunos típicos e atípicos, complementar seus aprendizados de forma divertida (mesmo fora da sala de aula) e possibilitar que o professor monitore o desenvolvimento escolar dos alunos.


À medida que as crianças se divertem com os jogos disponíveis no aplicativo, a plataforma mensura sua performance, identifica suas dificuldades e potencialidades e disponibiliza relatórios de desempenho aos professores. Esses dados possibilitam a criação de estratégias de ensino personalizadas e uma sala de aula mais inclusiva.

 

Muito além de finalizar o ano letivo com um alto número de alunos que passaram de ano, nosso objetivo é oferecer ferramentas para que as escolas promovam o conhecimento de forma inclusiva.

 

Clique aqui para saber mais sobre o Jade EDU.


Conclusão

Para que a avaliação educacional assuma um papel fundamental em todo o processo de ensino aprendizagem de crianças neurodivergentes, é necessário que o educador planeje de forma responsável toda a sua prática pedagógica.

 

É importante que também aconteçam adaptações nos planejamentos de aulas para esses indivíduos, considerando não apenas os seus déficits, mas também suas potencialidades. Isso não quer dizer que os déficits serão deixados de lado, pelo contrário, são eles que representam os desafios reais para essas crianças e precisam ser compreendidos um por um.

 

Por meio de ferramentas e encaminhamentos corretos, esses desafios podem ser menos conflituosos para elas. Contudo, é primordial o apoio dos educadores, de profissionais especializados e médicos.

 

Para finalizar este conteúdo, confira a reflexão da autora Jussara Hoffmann sobre ensino inclusivo e personalizado:

 

“Em termos de práticas avaliativas, pretendo dizer que tudo o que se baseia no coletivo, na turma inteira, do que só vale, “se vale para todos”, deixa muitos alunos no anonimato: os objetivos que a maioria alcança, a tarefa que a maioria faz, o interesse que grande parte demonstra, o livro que quase todos leram. Ao contrário, o caminho da aprendizagem deveria ser sempre considerado único, singular, como a vida de cada um. É preciso fazer o exercício de “aprender a olhar” aluno por aluno, conhecendo seu espaço de vida, suas iniciativas, seu fazer de novo, seus afetos e desafetos, dissonâncias, o inusitado tantas vezes”. (HOFFMANN, 2011, p.15)

 

 

Referências:

MÉTODO AVALIATIVO PARA O ESTUDANTE COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA, por Iana Crusoé Rebello Horta

CUNHA, Eugênio. Autismo na Escola: um jeito diferente de aprender, um jeito diferente de ensinar. 3 ed. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2015.

HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover. 14 ed. Porto Alegre: Editora Mediação,

2011.

HOFFMANN, Jussara. O Jogo do Contrário em Avaliação. 7 ed. Porto Alegre: Editora

Mediação, 2011.

LDB - Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996. BRASIL

Share by:
google357734107e370203.html